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(NÃO MEXER)

Milagre - Jesus Acalma A Tempestade

Jesus Acalma a Tempestade
(Mateus 8:23-27; Marcos 4:35-41; Lucas 8:22-25.)
Jesus deu ordem para que atravessassem para a outra banda do lago, pois, provavelmente, desejava repousar após os árduos labores do dia. Não perderam tempo em preparativos desnecessários: “levaram-no assim como estava, no barco”, e iniciaram a travessia sem demora. Mesmo na água, algumas pessoas mais ansiosas tentaram segui-lo, pois alguns barcos pequenos, “barquinhos” como os descreve Marcos, acompanharam a embarcação na qual Jesus se encontrava. Mas esses barquinhos talvez tenham retornado, possivelmente em consequência da tempestade que se aproximava; de qualquer forma, não lhes é feita menção adicional.
Jesus acomodou-se junto à popa do barco e adormeceu. Iniciou-se uma grande tempestade (Nota 1, no final do capítulo.), e ele continuou a dormir. A circunstância é instrutiva, pois evidencia ao mesmo tempo a realidade dos atributos físicos de Cristo, e a condição sadia e normal de seu corpo. Ele era sujeito a fadiga e à exaustão corporal, como todos os homens. Sem alimento, sentia fome; sem água, sentia sede; trabalhando, cansava-se. O fato de poder dormir calmamente, mesmo em meio ao tumulto de uma tempestade após um dia de enorme esforço, indica um sistema nervoso inalterado, e um bom estado de saúde. Não encontramos referência a qualquer doença de Jesus. Ele vivia de acordo com as leis de saúde, mas jamais permitia que o corpo dominasse o espírito. E suas atividades diárias, embora exigissem grande energia, tanto física quanto mental, foram sempre enfrentadas sem qualquer sintoma de colapso nervoso ou de perturbações funcionais. O sono, após a labuta, é natural e necessário. Tendo realizado o trabalho do dia, Jesus adormeceu.
Entrementes, a fúria da tempestade redobrou. O vento tornara impossível controlar o barco. Grandes ondas batiam contra o casco; tanta água entrou no barco, que parecia prestes a afundar. Os discípulos estavam aterrorizados. E Jesus continuava a dormir tranquilamente. Chegando ao extremo do medo, eles o acordaram, gritando – segundo os relatos independentes: “Mestre, Mestre, estamos perecendo”; “Senhor, salva-nos! perecemos!” e “Mestre, não se te dá que pereçamos?”, Eles estavam abjetamente amedrontados, e, pelo menos, parcialmente esquecidos de que se achava entre eles Um a cuja voz até a morte obedecia. Seu apelo angustiado não era completamente destituído de esperança e nem desprovido de fé: “Senhor, salva-nos!”, clamaram. Calmamente, ele replicou: “Por que temeis, homens de pequena fé?”
Então, levantou-se. E através da escuridão daquela terrível noite, no vento que rugia sobre o mar tempestuoso, ouviu-se a voz do Senhor, quando “repreendeu o vento e disse ao mar: “Cala-te, aquieta-te.” E o vento se aquietou, e houve grande bonança.” Virando-se para os discípulos, perguntou em tom de gentil, mas inconfundível reprovação: “Ainda não tendes fé? A gratidão pelo salvamento do que parecera, momentos antes, morte iminente, foi substituída por admiração e temor. “Quem é este”, perguntaram uns aos outros, “que até o vento e o mar lhe obedecem?”
Entre os milagres de Cristo que foram registrados, nenhum suscitou maior diversidade de comentários e tentativas de elucidação do que este maravilhoso exemplo de controle sobre as forças da natureza. A ciência não arrisca uma explicação. O Senhor da terra, ar e mar falou e foi obedecido. Ele foi aquele que, em meio ao negro caos dos primeiros estágios da criação, ordenou – com efeito imediato – Haja luz; haja um firmamento no meio das águas; apareça terra seca. E como decretou, assim foi feito. O domínio do Criador sobre a criação é real e absoluto. Uma pequena parte daquele domínio foi dada ao homem (Genesis 1:28; Pérola de Grande Valor, Moisés 2:26; 5:1.) como descendência de Deus, corporificado na própria imagem de seu divino Pai. Mas o homem exerce esse controle que lhe foi delegado através de instrumentos secundários, e de complicado mecanismo. O poder do homem sobre os objetos de sua própria elaboração é limitado. De acordo com o anátema provocado pela queda de Adão, que veio por intermédio de uma desobediência, é pela força dos músculos, pelo suor do rosto e pelo esforço da mente, que ele alcançará suas realizações. Sua palavra de comando é apenas uma onda sonora no ar, a não ser que seja seguida de trabalho. Através do Espírito que emana da própria pessoa da Deidade, e que se espalha por todo o espaço, o comando de Deus é imediatamente obedecido.
Não somente o homem, mas também a terra e todas as forças dos elementos que lhe pertencem, foram atingidas pelo anátema de Adão (Gênesis 3:17-19.); e, assim como o solo não deu mais apenas frutos bons e úteis, mas com sua substância começou a nutrir espinhos e cardos, também as diversas forças da natureza cessaram de obedecer ao homem como agentes sujeitos ao seu controle direto. O que chamamos de forças naturais – calor, luz, eletricidade, afinidade química – são apenas algumas das manifestações da energia eterna, através da qual os propósitos do Criador são servidos; e estas, o homem pode dirigir e utilizar somente através de dispositivos mecânicos e ajustes físicos. Mas a terra ainda será “renovada e receberá sua glória paradisíaca”; e então, o solo, a água, o ar e as forças que agem sobre isso tudo, reagirão diretamente ao comando do homem glorificado, como obedecem agora à palavra do Criador (Nota 2, no final do capítulo).
JAMES E. TALMAGE – Jesus O Cristo, Capítulo XX, pp.298-300

NOTAS DO CAPÍTULO XX
1. Tempestades no Lago da Galileia. – É fato registrado que tempestades súbitas e violentas são comuns no lago ou mar da Galileia, e a tormenta que se aquietou pela palavra de ordem do Senhor não constituiu em si mesmo fenômeno incomum, exceto, talvez, quanto à intensidade. Outro incidente ligado a uma tempestade neste mesmo local é registrado nas escrituras e será considerado mais tarde neste livro (Mateus 14:22-26; Marcos 6:45-56; João 6:15-21). O Dr. Thompson (The Land and the Book, ii:32) faz uma descrição baseada em sua experiência pessoal nas praias do lago: “Passei uma noite naquele Wady (uadê – Leito de rio, geralmente seco, encontrado nas regiões desérticas da Ásia e África) Shukaiyif, cerca de três milhas para cima, à esquerda. Mal o sol se havia posto, o vento começou a soprar em direção ao lago, continuando por toda a noite, com violência sempre crescente, de forma que, quando chegamos à praia na manhã seguinte, a superfície do lago era uma enorme caldeira fervente. O vento soprava sobre cada uadê, do nordeste e do leste, com tal fúria, que os esforços de remadores não poderiam ter levado um barco a qualquer ponto da costa... Para compreendermos as causas destas tempestades súbitas e violentas, devemo-nos lembrar de que o lago fica cento e oitenta metros abaixo do nível do mar, que os vastos planaltos nus do Jaulã, erguem-se a grande altura, espalhando-se até os desertos de Haurã, e subindo até o nervoso Hermon; e os cursos d’água cortaram profundas gargantas e agrestes desfiladeiros que convergem para a cabeceira do lago, agindo como gigantescos funis que chupam os frios ventos das montanhas”.

2. A Terra Antes e Depois da sua Regeneração. – Que a terra sofreu a maldição incidente à queda dos primeiros pais da raça, e que assim como o homem será redimido, também a terra será regenerada, está implícito nas palavras de Paulo: “Na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da gloria dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação a um só tempo geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo”. Esse autor escreveu em outra ocasião: “De acordo com as Escrituras, a terra tem que passar por uma mudança análoga à morte, e ser regenerada de uma forma comparável à ressurreição. As referências aos elementos que se derreterão com o calor, e a terra, que será consumida e extinta, como aparecem em muitas Escrituras já citadas, sugerem morte; e a nova terra, o planeta renovado ou regenerado que resultará, pode ser comparado a um organismo ressuscitado”. A mudança foi feita com um propósito, e tudo aquilo que cumpre a medida de sua criação deve ser avançado numa escala progressiva, seja um átomo ou um mundo, um animalículo, ou o homem – descendência direta e literal da Deidade. Falando sobre os graus de glória preparados para suas criações, e sobre as leis de regeneração e santificação, o Senhor revelou em 1832, claramente, a futura morte e subsequente vivificação da terra. São estas as suas palavras: “E novamente, na verdade vos digo que a terra obedece à lei de um reino celeste, pois realiza o propósito da sua criação, e não transgride a lei. Portanto, ela será santificada; sim, não obstante o fato de que morrerá, ela será vivificada outra vez, e se submeterá ao poder pelo qual será vivificada, e os justos a herdarão”. (Doutrina e Convênios 88:25-26.)
O Espírito vital que emana de Deus e é co-extensivo com o espaço, pode operar diretamente e com efeito tão vital sobre coisas inanimadas e sobre a energia em suas diversas manifestações, conhecidas por nós como forças da natureza, quanto sobre inteligências organizadas, sejam ainda não corporificadas, na carne, ou descorporizadas. Assim, o Senhor pode falar diretamente à terra, ao ar, ao mar, e ser ouvido e obedecido, pois a afluência divina, que é a soma de toda energia e poder, pode operar e opera em todo o universo. Em uma revelação de Deus a Enoque, a terra é personificada, e seus gemidos e lamentações pelas iniquidades dos homens foram ouvidos pelos profetas: “E aconteceu que Enoque olhou por sobre a terra; e ele ouviu uma voz que vinha de suas entranhas, que dizia: Ai! Ai de mim, a mãe dos homens; estou aflita, estou fatigada por causa da maldade de meus filhos. Quando descansarei e ficarei limpa da impureza que saiu de mim? Quando me santificará o meu Criador, para que eu possa descansar e reine a justiça sobre a minha face por muito tempo?” Enoque, então, suplicou: ”Oh! Senhor, não terás compaixão da terra?” Diante de outras revelações sobre o então futuro curso da humanidade no pecado e na rejeição do Messias que seria enviado, o profeta chorou angustiado e perguntou ao Senhor: “Quando descansará a terra?” Foi-lhe então esclarecido que o Cristo crucificado retornará à terra e estabelecerá um reinado milenar de paz: “E o Senhor disse a Enoque: Como vivo, assim mesmo virei nos últimos dias, nos dias de maldade e vingança, para cumprir o juramento que te fiz concernente aos filhos de Noé. E, chegará o dia em que a terra descansará, mas antes desse dia, os céus ficarão encobertos, e um véu de trevas cobrirá a terra; e os céus tremerão, assim como a terra; e haverá grandes tribulações entre os filhos dos homens”. E seguiu-se a gloriosa garantia: “E pelo espaço de mil anos a terra descansará.” Pérola de Grande Valor Moisés 7:48, 49-58, 60, 61, 64.)
Uma descrição parcial da terra em seu estado regenerado foi dada através do profeta Joseph Smith na presente dispensação: “Esta terra, em seu estado santificado e imortal, será transformada como que em cristal e será um Urim e Tumim para os seus habitantes, pelo qual todas as coisas relativas a um reino inferior, ou  a todos os reinos de ordem inferior serão manifestas àqueles que habitam nela; e esta terra será de Cristo”. (Doutrina & Convênios 130:9.)
Que Jesus Cristo, no exercício de seus poderes de Divindade, falasse diretamente ao vento ou ao oceano e fosse obedecido, está tão verdadeiramente de acordo com a lei natural do céu, quanto ele dar eficazmente uma ordem a um homem ou a um espírito não corporificado. Foi explicitamente declarado por Jesus Cristo que, através da fé, até o homem mortal pode colocar em andamento as forças que atuam sobre a matéria, e isso com resultado estupendo; “Porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, – e há de passar, e nada vos será impossível”. (Mateus 17:20; comparar com Marcos 11:23; Lucas 17:6.)
JAMES E. TALMAGE – Jesus O Cristo, NOTAS 1-2 DO CAPÍTULO XX pp.312-313.

A multidão, agora alimentada e satisfeita, refletiu sobre o milagre. Em Jesus, por quem tão grande obra fora realizada, reconheceram Alguém que possuía poderes sobre-humanos. “Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo”, disseram eles – o Profeta cuja vinda havia sido prevista por Moisés e que deveria ser como ele próprio. Assim como Israel havia sido milagrosamente alimentada durante a época de Moisés, assim também agora este novo Profeta provia pão no deserto. Em seu entusiasmo, o povo propôs aclamá-lo rei e compeli-lo a tonar-se seu líder. Essa era sua concepção bruta da supremacia messiânica. Jesus ordenou a seus discípulos que partissem de barco, enquanto permanecia para despedir a multidão, agora excitada. Os discípulos hesitaram em deixar o Mestre; mas ele compeliu-os a lhe obedecerem. Sua insistência para que os Doze se separassem dele e da multidão pode ter sido consequência de um desejo de proteger os discípulos escolhidos contra possível contaminação pelos desígnios materialistas e iníquos da multidão, de fazê-lo rei. Por meios não detalhados, ele fez com que o povo se dispersasse; e, com o cair da noite, encontrou aquilo que viera procurar – solidão e calma. Subindo a montanha, escolheu um lugar ermo e lá permaneceu em oração a maior parte da noite.

“Sou Eu; Não Temais”
(Mateus 14:22-33; comparar com Marcos 6:45-52; João 6:15-21.)

A volta de barco transformou-se numa jornada memorável para os discípulos. Encontraram um violento vento de proa, o que, naturalmente, tornou impossível o uso de velas; e não obstante lurarem arduamente com os remos, a embarcação tornou-se praticamente incontrolável e agitava-se em meio às águas (Página 312, NOTAS DO CAPÍTULO XX – Nota 1, Tempestades no Lago da Galiléia). Embora tivessem lutado quase toda a noite, tinham avançado menos de quatro milhas do caminho a navegar; voltar e correr adiante do vento poderia acarretar naufrágio. Sua única esperança consistia em manter o navio contra o vento por simples força muscular. Jesus, em seu retiro solitário, teve consciência da situação angustiosa em que se encontravam, e na quarta vigília da noite (Nota 6, no final do capítulo), isso é, entre três e seis horas da manhã, veio em seu socorro, caminhando sobre as águas tumultuosas, como se estivesse pisando chão sólido. Quando os viajantes o avistaram aproximando-se do barco, na tíbia luz da madrugada, foram dominados por temores supersticiosos, e gritaram aterrorizados, pensando que viam algum fantasma. “Mas Jesus imediatamente lhes falou: Tende bom ânimo, sou eu, não temais”.
Aliviado por estas palavras reconfortantes, Pedro, impetuoso e impulsivo como sempre, gritou: “Senhor se (Quer dizer “uma vez que” ou “visto que”) és tu, manda-me ir te contigo por cima das águas.” Tendo Jesus concordado, Pedro desceu do barco e caminhou em direção ao Mestre. Mas, quando o vento o golpeou e as ondas se ergueram à sua volta, sua confiança vacilou e ele começou a afundar. Embora bom nadador (Comparar com o mergulho impetuoso de Pedro no mar, para alcançar o Senhor ressuscitado na praia. João 21:7.), cedeu ao medo e clamou: “Senhor, salva-me!” Jesus apanhou-o pela mão, dizendo: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?”
Pela extraordinária experiência de Pedro, aprendemos que o poder pelo qual Cristo caminhava sobre as ondas podia operar em outros, desde que sua fé fosse duradoura. Foi por seu próprio pedido que Pedro recebeu permissão de tentar o feito. Tivesse Jesus negado, a fé do homem poderia ter sofrido um abalo. Sua tentativa, embora tendo falhado parcialmente, foi uma demonstração da eficácia da fé no Senhor, demonstração essa que nenhum ensinamento verbal poderia ter transmitido. Jesus e Pedro entraram no barco. O vento cessou imediatamente e o barco logo alcançou a praia. O assombro dos apóstolos diante dessa última manifestação de controle sobre as forças da natureza, dada pelo Senhor, teria estado mais próximo da adoração e menos do terror, tivessem eles lembrado as maravilhas anteriores que haviam testemunhado – mas esqueceram até mesmo o milagre dos pães e seus corações haviam-se endurecido (Marcos 6:52). Maravilhando-se diante do poder daquele para quem o mar revolto era um chão sustentador, os apóstolos curvaram-se diante do Senhor em adoração reverente, dizendo: “Verdadeiramente és Filho de Deus” (Note-se que esta é a primeira vez que este título aparece nos Evangelhos Sinóticos, aplicado a Jesus por mortais; compare-se com um exemplo anterior de sua aplicação por Natanael, João 1:49).
Fora as maravilhosas circunstâncias de sua ocorrência literal, o milagre é rico em simbolismo e sugestão. Por meio de que lei ou princípio o efeito da gravidade foi substituído, de forma que um corpo humano pudesse ser mantido sobre a superfície líquida, o homem é incapaz de dizer. O fenômeno é uma demonstração concreta da grande verdade de que a fé é um princípio de poder, pelo qual as forças naturais podem ser condicionadas e controladas (“Regras de Fé”, capítulo 5 – “A fé, um princípio de Poder”). Na vida de cada ser adulto, existem experiências semelhantes à da luta dos navegantes sacudidos pela tempestade, com ventos contrários e mares ameaçadores; frequentemente a noite da luta e do perigo já está bem adiantada quando chega o socorro. E, então, muitas e muitas vezes o auxílio salvador é confundido com um terror maior. Assim como chegou a Pedro e a seus companheiros aterrorizados, no meio das águas, turbulentas, assim chega a todos que labutam arduamente, com fé, a voz do Libertador – “Sou eu; não temais”.
JAMES E. TALMAGE – Jesus O Cristo, Capítulo XXI, pp.324-327.





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