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(NÃO MEXER)

Jó - VT

Todas as lições sobre padrões éticos e viver espiritual justo estão contidas nas obras-padrão. Nelas se encontram as recompensas da retidão e as penalidades do pecado.
Aprendemos lições de vida de modo mais direto e seguro se virmos os resultados da iniquidade e da retidão na vida das outras pessoas. (...) Conhecer Jó de modo completo e íntimo equivale a aprender a conservar a fé em meio às maiores adversidades.
PRESIDENTE SPENCER W. KIMBALL – Ensinamentos dos Presidentes da Igreja, lição 6, p.72.

Se qualquer um de nós sente que seus problemas estão além da sua capacidade de resolvê-los, deve ler Jó. Ao fazê-lo, o sentimento será: “Se Jó conseguiu perseverar e sobrepujar seus problemas, eu também conseguirei”.
Jó foi um homem “íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal”. (Jó 1:1). Devoto em sua conduta e um homem rico, Jó passou por um teste que destruiria qualquer um. Destituído de suas posses, desprezado pelos amigos, afligido por dores, dilacerado pela perda da família, ele foi instigado a “[amaldiçoar] a Deus, e [morrer]”. (Jó 2:9) Ele resistiu a essa tentação e declarou do fundo de sua nobre alma:
“Eis que também agora a minha testemunha está no céu, e nas alturas o meu testemunho está”. (Jó 16:19). “Porque eu sei que o meu Redentor vive.” (Jó 19:25).
Jó tornou-se um modelo de paciência sem limites. Até hoje, referimo-nos às pessoas que são resignadas dizendo que têm a paciência de Jó. Ele nos deixou um exemplo que deve ser seguido.
PRESIDENTE THOMAS S. MONSON – A Liahona, outubro de 2007, p.4.

A esposa (...) de Jó disse a ele: “Amaldiçoa a Deus, e morre”. [Ver Jó 2:9.] Mas no auge de seu sofrimento, Jó disse algo que, com razão, é muito citado nos funerais: “Eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus, vê-lo-ei, por mim mesmo, (...) e não outros o contemplarão; e por isso os meus rins se consomem no meu interior”. [Jó 19:25–27]
PRESIDENTE HAROLD BINGHAM LEE – Ensinamentos dos Presidentes da Igreja, lição 23, pp. 222.

O livro de Jó é uma maravilhosa obra-prima literária que trata justamente desta questão: Por que os justos sofrem? Apesar de nos ensinar muitas lições, uma delas se sobressai sobre todas as demais: Terminado seu sofrimento, Jó descobriu que o Senhor abençoara seu “último estado... mais do que o primeiro”. (Jó 42:12.) Veja se, através de suas leituras, você consegue descobrir que bênçãos Jó obteve em virtude de seus padecimentos. Em que sentido seu “último estado” foi melhor que o “primeiro”?
O VELHO TESTAMENTO – Manual do Aluno, I Reis a Malaquias, p.23.

O Livro de Jó.
É de Keith H. Meservy, professor-assistente de escritura antiga na Universidade de Brigham Young, esta palestra intitulada: “Job: ‘Yet Will I Trust in Him’” (“Jó: ‘Ainda assim, nele esperarei’”).
“O que falo hoje poderá ser considerado mais como reflexões minhas sobre o livro de Jó do que uma análise sistemática de seu conteúdo. É um livro maravilhoso, e muitos comentários superlativos têm-se feito a respeito dele. Victor Hugo, em particular, observa: ‘O livro de Jó é talvez a maior obra-prima do intelecto humano. ’ (Henry H. Halley, Pocket Bible Handbook, Chicago, 1946, p. 232.) Thomas Carlyle diz: ‘Independente de todas as teorias a seu respeito, considero este livro uma das maiores obras já escritas. É nosso primeiro e mais antigo pronunciamento sobre o eterno problema – o destino do homem e o relacionamento de Deus com ele na terra. Não existe, a meu ver, nenhum escrito de igual mérito literário. ’ (Ibid.) Um estudioso do Velho Testamento, H. H. Rowley, reflete: ‘O livro de Jó é a maior obra de gênio no mundo.’ (H. H. Rowley, The Growth of the Old Testament, 1966, p. 143.)…
“Impressiona-me que o livro de Jó ilustre vividamente um ensinamento de Lectures of Faith, de que, para perseverar em fidelidade nesta vida, toda pessoa precisa saber três coisas: que Deus existe, que é perfeito em seu caráter e atributos, e que o curso de vida que encetamos é agradável a Deus. Faltando qualquer um desses elementos, inexiste uma base completa para a fé. Jó é considerado um home de fé; procuremos esses elementos em sua vida.
“O primeiro versículo do livro descreve-o como um homem ‘sincero, reto e temente a Deus, e (que) desviava-se do mal’. (1:1.) Significativamente, o Senhor reconhece em termos idênticos a justiça desse homem (1:8). Esta franca aceitação da justiça de Jó pelo autor do livro e principalmente por Deus, é essencial para qualquer entendimento satisfatório do seu tema – por que sofre o homem justo. Essa própria justiça, entretanto, tornou-se ponto controverso para o Adversário (hebraico: satã; adversário, aqui: hassatan = o Adversário). Ele afirma cinicamente que a boa conduta e reverência de Jó haviam sido grandemente favorecidas pelo Senhor, que o abençoara com uma vida próspera e gratificante – quem não serviria o Senhor nessas condições?
“Quem afirma tal coisa, aparentemente jamais aprende. Em outra ocasião, ele levaria o mesmo Senhor, agora o Verbo feito carne, para o cume de um alto monte, oferecendo-se para comprar sua adesão de maneira semelhante à que, na sua opinião, o Verbo comprara a lealdade de Jó – mostrando todos os reinos do mundo e sua glória, para depois prometer àquele que não possuía nem mesmo um lugar para descansar a cabeça: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.’ (Mateus 4:8-9.) Quão frustrado satanás não deve ter ficado, ao perceber que nessas ocasiões nunca tinha a moeda certa. Ironicamente, aquele que disse: ‘Vai-te; Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás’ (versículo, 10), colocou Jó nas mãos desse mesmo Adversário, dizendo: ‘Tudo quanto tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão. ’ (Jó 1:12.)
“De um só golpe, Jó ficou pobre – perdendo todos os seus bois, jumentos, servos, ovelhas e até mesmo sua posteridade. A resposta submissa de Jó diante desse golpe foi tão perfeita quanto a de Jesus: ‘Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR.’ (1:21.) ‘Em tudo isto’, diz a escritura, ‘Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma’. (1:22.)
“Satanás errou, pensando que propriedades, riqueza e até mesmo a posteridade eram a essência da vida de Jó; para ele, o sentido da vida transcendia a perda de todas essas coisas...
“Com fé impecável, manteve sua mão no arado e conservou sua integridade (2:3).
“Satanás, procurando razões mais profundas para a fidelidade de Jó, concluiu que ele acabaria voltando-se contra o Senhor, se conseguisse feri-lo o bastante, ‘Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida. Estende, porém, a tua mão e toca-lhe nos ossos, e na carne, e verás se não blasfema de ti na tua face! ’ Ao que o Senhor replicou simplesmente: ‘Ele está na tua mão; poupa, porém, a sua vida;’ (2:4-6.) Com seu poder demoníaco, Satanás então afligiu Jó com chagas malignas a tal ponto, que sua mulher o incentivou a amaldiçoar Deus e morrer. Heroicamente, Jó simplesmente replicou: ‘Como fala qualquer doida, assim falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal?’ E nosso autor concluiu: ‘Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios.’ (2:10.) Assim, pois, o argumento de Satanás foi derrubado: a fé que Jó possuía não falhou, e o Senhor tinha razão.
“Contudo, a luta de Jó não terminara. Sua prova, por mais dura que fosse não era simplesmente ficar pobre, sem descendência e acometido de sofrimento por um dia, para depois encontrar alívio. O passar do tempo deveria aumentar-lhe a dor, aprofundar seu desapontamento e intensificar-lhe o desânimo, para ver se toda essa tensão não quebrara seu espírito e o afastaria do Senhor. Jó suportou muito bem o choque inicial; mas, quando ondas sucessivas engolfassem a realidade total de sua vida, continuaria ele resistindo? Esta pergunta nem ele nem o demônio conseguiriam responder de imediato. Assim, foi deixado ao tempo corroer a força interior de Jó, até torná-lo miserável – miserável corporal e espiritualmente, tão miserável, na verdade, que a morte lhe parecia um amigo cobiçado, reconfortante e libertador. Quem consegue imaginar sua condição mental nessas alturas? Talvez alguns de nós, ou quem sabe nenhum. Uma coisa, contudo, está clara. Se quisermos ter empatia por tudo o que sentia, precisamos ver sua vida pela perspectiva dele. Jó nos permite isso, desvendando-nos seu íntimo e comparando vividamente sua atual miséria com sua vida anterior tão abençoada.
“O próprio autor fornece a informação de que, anteriormente, Jó foram um dos homens mais importantes de todo o Oriente. Depois, mostra Jó lembrando nostalgicamente os dias em que Deus o preservara, quando sua candeia iluminava a cabeça de Jó e guiado por essa luz, caminhava pelas trevas. Naquele tempo, todos, jovens, velhos, príncipes e nobres, igualmente, o honravam. Muito respeitado em todos os níveis da sociedade, seu conselho era muito solicitado e nuca ignorado. Amado por todos, era o benfeitor de todos os necessitados, Nessas condições, era um grande conforto para Jó sentir-se seguro como a raiz num solo fértil e bem irrigado. Seus dias futuros multiplicar-se-iam como areia e morreria seguro em seu refúgio, rodeado de sua glória, vivendo como chefe entre o seu povo. (Note as palavras de Jó em 29:2-11; 18-20.)
“Então veio a mudança. Já falamos da perda de seus bens e posteridades. Seu sofrimento, porém, foi crescendo em ondas sucessivas, até que a morte lhe parecia a libertação almejada de uma vida repleta de dor. Quais foram essas ondas dolorosas?
“Primeiro: Não sabemos exatamente qual era seu mal físico. Pelos sintomas, alguns acham que poderia ser elefantíase. Chagas malignas, um dos sintomas desse mal, atacaram o corpo de Jó, formando grandes pústulas que coçavam tanto, que ele usava pedaços de cerâmica para raspá-las. Seu rosto ficou tão desfigurado, que seus amigos não o reconheceram. As feridas criaram bichos ou vermes (7:5). Seu hálito tornou-se tão fétido e seu corpo exalava um odor tão insuportável, que até mesmo seus amigos lhe tinham horror (10:17); então refugiou-se no monturo fora da cidade, onde viviam os leprosos e proscritos. Sofria dores constantes (30:17,30) como também tinha terríveis pesadelos (7:14.) (The Westminster Study Edition of the Holy Bible, The Westminster Press, Philadelphia, p. 641, nota)…
“Segundo: Enquanto antes velhos, moços, príncipes e nobres honravam a Jó, agora este sentia-se maltratado por aqueles que a própria sociedade rejeita e que vivem fora da cidade abrigados em cavernas, ao longo dos fossos e entre a capoeira.
“Afirma Jó a respeito deles: “Mas agora se riem de mim os de menos idade do que eu, e cujos pais eu teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho... Do meio dos homens eram expulsos; gritava-se contra eles como contra um ladrão... Eram filhos de doidos e filhos de gente sem nome, e da terra eram expulsos. Mas agora sou a sua canção, e lhes sirvo de provérbio. Abominam-me, e fogem para longe de mim e no meu rosto não se privam de cuspir. Porque Deus desatou a sua corda e me oprimiu: pelo que sacudiram de si o freio perante o meu rosto. À direita se levantam os moços; empurram os meus pés, e preparam contra mim os seus caminhos de destruição. Desbaratam-me o meu caminho, promovem a minha miséria... ’ (30:1, 5, 8-13.)...
“Perder sua prosperidade e propriedades era uma coisa, e outra bem diferente perder sua saúde e forças, sofrendo constantes dores e miséria; porém, por alguma razão inexplicada, nesse ponto crítico da vida, Jó sofreu uma perda possivelmente tão significativa quanto as outras – ele perdeu o apoio que seus amigos e familiares poderiam ter-lhe dado nesse momento tão doloroso de sua vida, o qual, estranhamente, foi-lhe recusado. Assim, Jó ficou absolutamente só e isolado de qualquer pessoas capaz de solidarizar-se com ele nessa hora de provação. E mais uma vez, ele responsabilizou o Senhor pela ruptura entre ele seus amigos.
“’Pôs longe de mim a meus irmãos, e os que me conhecem deveras me estranham. Os meus parentes me deixaram, e os meus conhecidos se esqueceram de mim. Os meus domésticos e as minhas servas me reputaram como um estranho; vim a ser um estrangeiro aos seus olhos. Chamei a meu criado, e ele me não respondeu; cheguei a suplicar com a minha boca. O meu bafo se fez estranho a minha mulher, e a minha súplica aos filhos do meu corpo. Até os rapazes me desprezam, e, levantando-me eu, falam contra mim. Todos os homens do meu secreto conselho me abominam e até os que eu amava se tornaram contra mim. Os meus ossos se apegaram a minha pele e à minha carne, e escapei só com a pele dos meus dentes. Compadecei-vos de mim, amigos meus, compadecei-vos de mim, porque a mão de Deus me tocou. Por que me perseguis assim como Deus?’ (19:13-22.)
“Até mesmo a esposa de Jó perdeu as esperanças e, desamparada, não sabendo como confortá-lo, o desafiou: ‘amaldiçoa a Deus, e morre’. Nessas circunstâncias, quando tudo mais falha, muitos têm recorrido ao ‘divino Rei Consolador’, o ‘guia forte, amparo e tentação’, para que esteja com eles; pois, quem mais conseguirá com sua graça minorar o poder tentador? Jó, também. Antes não contara sempre com a luz do Senhor para alumiá-lo nas trevas? Não tivera sempre parte nos segredos do Senhor? (21:3-5.) Jó, sem dúvida, podia recorrer novamente ao Senhor nesta hora de aflição...
“... Mas os céus continuavam calados. E por uma boa razão, conforme sabemos, o próprio silêncio tornara-se parte da prova. Mas que grande problema isso representava para Jó! A profunda, deprimente escuridão o intimidava com sua terrível treva e o aterrorizava por tudo impregnar. Ouçam este seu apelo desesperado para que o Senhor alivie sua alma, alívio este que inclui a resposta para sua persistente mas irrespondível pergunta: Por que? Por que? Por que?
“...’Por que escondes o teu rosto, e me tens por teu inimigo?’ (13:24; grifo nosso.) ‘Eis que clamo: Violência! mas não sou ouvido; grito: Socorro! mas não há justiça. O meu caminho ele entrincheirou e não posso passar; e nas minhas veredas pôs trevas.’ (19:6-8; grifo nosso.) ‘Ah! Se alguém pudesse contender com Deus pelo homem, como o filho do homem pelo seu amigo!’ (16:21.) ‘Ah! Se eu soubesse que o poderia achar! Então me chegaria ao seu tribunal. Com boa ordem exporia ante ele a minha causa, e a minha boca encheria de argumentos. Saberia as palavras com que ele me responderia e entenderia o que me dissesse: Porventura segundo a grandeza de seu poder contenderia comigo? Não; antes cuidaria de mim. Ali o reto pleitearia com ele e eu me livraria para sempre do meu juiz. Eis que se me adianto, ali não está; se torno para trás, não o percebo; Se opera à mão esquerda, não o vejo; encobre-se à mão direita, e não o diviso.’ (23:3-13; grifo nosso.)
“Assim Jó, inexplicavelmente privado de sua riqueza, família, saúde, vivendo continuamente com grandes dores, sem o apoio psicológico e espiritual de amigos e parentes que deveriam importar-se com ele, vê-se ainda, conforme pensa, abandonado pelo Senhor - o supremo confortador. Ninguém aparentemente perguntou a Jó qual dessas perdas foram mais dura para ele; no princípio, pelo menos, Jó dizia que Deus lhe dera, e Deus lhe tirara. Assim, pode-se presumir que sofreu a maior perda e pior carência, quando percebeu que Deus não atendia seus rogos veementes e sentidos...
“Os sentimentos pessoais de Jó expõem até certo ponto seu sofrimento físico, psicológico e espiritual, e nos preparam para compreender que, nessas condições, a morte seria um grande alívio. Entretanto, queremos afirmar enfaticamente que Jó aparentemente jamais, pensou em suicídio. Apenas ansiava pela morte. Nessas condições, aparecem em cena três consoladores. Para crédito deles, permaneceram calados, por deferência a Jó, até ele haver falado. As primeiras palavras dele mostram quanto almejava sinceramente a morte que constantemente frustrava suas aspirações (ver Jó 6:8-11)...
“Depois de haver desabafado um pouco, Jó ouve o primeiro consolador que o presenteia com sua suprema aflição – a incompreensão dos amigos aos quais acaba dizendo: ‘Todos vós sois consoladores modestos’. Ele tentara externar-lhes a profundidade de sua angústia, mas eles, incompreensivos, rejeitaram o clamor de sua alma e tiraram conclusões, inferindo que ele havia abandonado o Senhor e por isso estava sendo afligido divinamente. Prescreveram-lhe o arrependimento se esperava reconquistar as boas-graças divinas. Ser acusado de pecado quando sabia ser inocente, fê-lo sentir-se irado. Como cegos, não cuidavam das necessidades do amigo, mas das suas próprias. Quando afirmou ser integro, acusaram-no de hipócrita e se esforçavam cada vez mais para arrancá-lo de sua pretensa auto-complacência, nascida de seu insuperável farisaísmo. Esse mútuo mal-entendido acabou frustrando não só Jó como seus consoladores.
“O primeiro a imputar-lhe pecados foi Elifaz, que começa falando em termos gerais, mas acaba acusando-o de pecados específicos, pecados que qualquer pessoa que conhecesse seu caráter não poderia nem haveria de acreditar que ele tivesse cometido.
“Observando que Jó fora sempre uma pessoa que procurava fortalecer ‘as mãos fracas’, levantar ‘os que tropeçavam’ e dar forças aos ‘joelhos desfalecentes’, (4:3-4), sentiram-se induzidos a oferecer-lhe o mesmo tipo de ajuda que, achavam, ele costumada dar aos outros, Na opinião de Elifaz, isto significava fazer Jó enxergar sua verdadeira necessidade – uma avaliação honesta de sua situação. Diz Elifaz: ‘Lembra-te agora de qual é o inocente que jamais perecesse? E onde foram os sinceros destruídos? Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam isso mesmo. Com o hálito de Deus perecem; e com o assopro da sua ira se consomem. ’ (4:7-9.) Para ele, hão havia dúvida de que Jó se afastara de Deus, sentindo-lhe o sopor da ira divina. A implicação era perfeitamente clara para Jó.
“Por mais válida que fosse a lei da causa e feito, do ‘semear e colher’, querer deduzir a causa pelos efeitos, como eles fizeram, concluindo que unicamente uma vida em desacordo com o Senhor poderia produzir os efeitos que Jó sofria, é algo que nós, os leitores, o Senhor, Satanás e o próprio Jó, sabemos não ser certo. E esse julgamento precipitado invalidava seu conselho. Mas este não era o único problema que o conselho deles representava para Jó. Além de ser obrigado a ouvir insinuações críticas que deixavam ainda mais desmoralizado e arrasado um homem que já vivia sem esperança, ainda ficava privado do conforto do tão necessário apoio que lhe poderiam dar, se compreendessem sua posição. O último conselho de Elifaz é que se humilhe, dedique sua vida a Deus, não despreze seu castigo; então o Senhor o curaria e ataria suas feridas. Que amargo bálsamo.
“Jó então tentou comunicar-se de outra forma, esperando merecer um pouco de empatia, falando da intensidade de seus sofrimentos: ‘Oh! Se a minha mágoa retamente se pesasse, e a minha miséria juntamente se pusesse numa balança! Porque, na verdade, mais pesada seria do que a areia dos mares’ (6:2-3). Pediu-lhes uma coisa que vinha pedindo ao Senhor: se realmente quisessem ajudá-lo, que o fizessem ver claramente o que fazer para reconquistar o favor divino. ‘Ensinai-me, e eu me calarei; e daí-me a entender em que errei. Oh! Quão fortes são as palavra da boa razão! Mas que é o que censura a vossa arguição?’ (6:24-25.) Jó sabia que ainda não se haviam dado conta do seu problema, mas honestamente solicitou uma percepção mais clara de sua situação aflitiva.
“Após a insinuação de Bildade (8:2-6) e a extensa fala de Jó (cap 9-10), entra em cena Sofar, questionando se uma explicação tão longa é capaz de justificar alguém. Na verdade, suspeita de que Jó esteja racionalizando, além de acusá-lo de mentir e escarnecer. ‘As tuas mentiras se hão de calar os homens? E zombarás tu sem que ninguém te envergonhe? Pois tu disseste: A minha doutrina é pura, limpo sou aos teus olhos (de Deus). Mas, na verdade, oxalá que Deus falasse e abrisse os seus lábios contra ti, e te fizesse saber os segredos da sabedoria, que é a multíplice em eficácia; pelo que sabe que Deus exige de ti menos do que merece a tua iniquidade. ’ (11:3-6.) Parece que como amigo, Sofar torcia deliberadamente a faca tão habilmente cravada no coração sensível de Jó por Elifaz. ‘Se tu preparaste o teu coração, ’ diz ele, ora a Seus e ‘se há iniquidade na tua mão, lança-a para longe de ti’. (11:13-20.)
“O tempo não permite uma abordagem mais demorada dessas acusações e defesas. Jó insistia em que, sendo homem íntegro, estava seguindo um caminho correto. Caso seguisse o que diziam, indo para a direita ou esquerda de onde se encontrava, estaria desviando-se da verdade. Depois de pedir ao Senhor e aos seus semelhantes uma melhor orientação, percebeu que o Senhor não lhe respondera coisa alguma, e os amigos, embora falando muito, haviam julgado mal sua situação e assim nada de valor disseram.
“Alguns inferem das declarações positivas de Jó ser ele uma pessoa arrogante, justa aos próprios olhos; entretanto, o que sabemos sugere exatamente o contrário. Jó era um homem cujo relacionamento intimo com o Senhor lhe permitia falar com grande confiança. Algumas passagens maravilhosas do livro ilustram vividamente seu sendo de integridade. Por exemplo: ‘Vive Deus, que desviou a minha causa, e o Todo-Poderoso, que amargurou a minha alma. Enquanto em mim houver alento, e o sopro de Deus no meu nariz, não falarão os meus lábios iniquidade, nem a minha língua pronunciará engano. Longe de mim que eu vos justifique; até que eu expire, nunca apartarei de mim minha sinceridade. À minha justiça me apegarei e não a largarei; não me remorderá o meu coração em toda a minha vida.’ (27-2-6; ver também capítulo 31.)
“As declarações de Jó sobre si próprio mostram por que ele continuava a confiar no Senhor. Ele sabia que o curso de sua vida era agradável ao Senhor. Sabia também que continuara seguindo esse caminho mesmo nas condições mais difíceis, condições essas que reconhecia como uma prova do Senhor. Assim, Jó, homem temente a Deus, mantinha-se íntegro não só para com Deus mas também consigo mesmo, sabendo que os dois se encontravam em total harmonia. Ao mesmo tempo, sua contínua confiança no Senhor sob uma pressão tão grande, revela-nos seu grande conhecimento a respeito da natureza e caráter do Senhor a quem servia. E este, obviamente, era o ponto central da prova: Por que continuaria a servir ao Senhor, quando a vida e seu sentido pareciam tão adversos à sua própria natureza e caráter? O Adversário concluía que condições intoleráveis como essas arrancariam os últimos sentimentos de lealdade do coração do mais ardente discípulo do Senhor. Contudo, ele não sabia até que ponto Jó conhecia o Senhor e que, quanto melhor alguém o conhece, tanto mais merecedor de confiança lhe parece. Essa experiência com Jó deve tê-lo, pois, arrasado e desanimado em seu papel de Adversário. E Jó, quase como se soubesse a intenção do Adversário, rebate seus consoladores com tamanhas palavras de integridade e fé, que seria difícil, se não impossível, dar uma resposta melhor ao Adversário, se fosse o caso.
“‘Calai-vos perante mim, e falarei eu, e venha sobre mim o que vier. Por que razão tomaria eu a minha carne com os meus dentes, e poria a minha vida na minha mão? Ainda que ele me mate, nele esperarei; contudo os meus caminhos defenderei diante dele. Também isto será a minha salvação, porque o  ímpio não virá perante ele. Ouvi com atenção as minhas razões, e com os vossos ouvidos a minha demonstração. Eis que já tenho ordenado a minha causa, e sei que serei achado justo.’ (13:13-18; grifo nosso.) Esta não é uma voz arrogante, orgulhosa, mas a voz de um filho de Deus divinamente confiante, conhecedor da fonte de sua força e integridade.
“Na fornalha ardente, Jó provou não só ao Adversário como a si próprio, que o conhecimento seguro de Deus e um bom relacionamento com ele valiam mais do que qualquer outra coisa que  conseguira na vida – incluindo duração desta, progênie, amigos e entes queridos, e até mesmo riqueza e saúde. A simples, porém profunda afirmação de Jó: ‘Ainda que ele me mate, nele esperarei (confiarei)’, torna-se uma refutação absoluta de qualquer argumento do adversário a respeito dos motivos pelos quais os homens servem ao Senhor; mostra ainda que o demônio mentiu ou estava enganado, quando afirmou o contrário. Assim, é neste, no décimo terceiro capítulo, no qual Jó demonstra seu profundo conhecimento e fé em Deus, que vejo o ponto alto do livro, e não no capítulo dezenove ou quarenta e dois.
“Foi neste sentido que dizia o Presidente McKay que sempre ‘pensou que o propósito do livro de Jó era ressaltar o fato de que o testemunho do espírito – o testemunho do evangelho, está acima da tentação de Satanás ou de qualquer influência física. ’ (Dedicação do Anexo do Templo de Salt Lake, em 1963, Deseret News.) O livro de Jó torna-se, pois, um grande testemunho dessa grande verdade. Assim, as três coisas que toda pessoa precisa saber, se quiser ter fé no Senhor, estão todas ilustradas na vida de Jó. Seu maravilhoso testemunho: ‘Eu sei que o  meu Redentor vive’ (19:25), mostra que sabia perfeitamente que o Senhor existe. Declarações com esta do capítulo treze: ‘Ainda que ele me mate, nele esperarei’, indicam até que ponto conhecia o Ser em quem confiava. E finalmente, a ciência de que o rumo que seguia na vida era do agrado do Senhor, dava-lhe forças para permanecer fiel, quando acossado pelo adversário. Sua vida, pois, ilustra vividamente que essa fé resulta do conhecimento de que Deus existe, de que é perfeito em caráter e atributos, e de que o rumo de vida que se segue é agradável ao Senhor...
“... Obviamente, esse encontro pessoal envolve muito mais do que pode parecer à primeira vista. Não era unicamente para o Senhor mostrar ao Adversário por que os homens o servem. Pode-se inferir que, essencialmente, essa experiência foi muito mais importante para Jó do que para o Senhor ou Satanás...
“Em todas as outras situações, percebemos que o Senhor estava ao lado de Jó, e este o sabia. Pode muito bem ser que, como no caso do jovem que perguntou a Jesus: ‘Que farei para herdar a vida eterna? ’ Jó, também, tinha uma fraqueza, e o Senhor, ‘olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa...’ (Marcos 10:17-21.) E a única coisa que faltava a Jó era a perfeição da sua fé, conforme sugere o trecho a seguir de ‘Lectures on Faith’. Pois ele só alcançaria perfeição na fé, quando houvesse sacrificado tudo de seu, sabendo que esse sacrifício fora ordenado pelo Senhor – afinal, ele sabia que o Senhor era o responsável por sua situação aflitiva. E um sacrifício é, por si só, uma prova de obediência, e a obediência, um sinal de fé. Tenham Jó em mente enquanto lerem este trecho:
“‘O conhecimento concreto de que o curso de vida que se segue está de acordo com a vontade de Deus, é essencialmente necessário para que qualquer pessoa tenha aquela confiança em Deus, sem a qual ninguém pode conseguir a vida eterna. Foi isto que permitiu aos santos antigos suportarem todas as agruras e perseguições, aceitando de bom grado a espoliação de seus bens, sabendo (não apenas crendo) que possuíam algo mais duradouro’ (Hebreus 10:34)...
“‘Observemos aqui que a religião que não requer o sacrifício de tudo, não tem poder suficiente para produzir a fé necessária para a vida e salvação; pois, desde os primórdios da existência do homem, a fé necessária para o gozo de vida e salvação jamais pode ser obtida sem o sacrifício de todas as coisas terrenas. Foi através desse sacrifício, e só dele que Deus ordenou que os homens gozassem de vida eterna; e é por meio do sacrifico de todas as coisas terrenas, que os homens realmente sabem que estão fazendo o que é agradável à vista de Deus. Quando um homem sacrificou tudo que tinha por amor à verdade, não conservando nem mesmo a própria vida, e crendo, perante Deus, que foi chamado a esse sacrifício por procurar fazer a vontade dele, ele sabe, com toda certeza, que Deus aceitará seu sacrifício e oferta, e que não o buscou nem buscará em vão. Nessas condições, então, poderá obter a fé necessária para fazer jus à vida eterna.
“Aqueles, pois, que fazem o sacrifico, terão o testemunho de que seu rumo de vida é agradável à vista de Deus; e aqueles que têm este testemunho, terão fé para fazer jus à vida eterna, e capacidade, através da fé, de perseverar até o fim e receber a coroa reservada aos que amam a aparição de nosso Senhor Jesus Cristo...” (Lectures on Faith, N.B. Lundwall, pp. 57-59.)
“A história de Jó demonstra a validade desse conceito. Chegamos, então, ao fim do livro onde encontramos o Senhor tentando perturbar Jó, por ousar questionar as ações do Senhor (capítulos 38-39). Jó é desafiado a explicar por que fez isso. ‘Porventura o contender contra o Todo-poderoso é ensinar? Quem assim argúi a Deus, responda a estas cousas.’ (40:2) Jó reconhece que falou uma vez, mas, por razões mencionadas mais adiante (veja a seguir), promete não fazê-lo mais (40:3-5). Então o Senhor pergunta: ‘Porventura também... me condenarás para te justificares?’ (40:8.) Que perguntas inquisitivas! Outras extraordinárias figuras de linguagem sobre o poder e sabedoria do Senhor seguem-se nos capítulos 40-41, levando a Jó a confessar que disse coisas que não entendia (42:3). Jó aprendia mais uma vez a não querer aconselhar o Senhor e, sim, receber ‘conselhos de sua mão’. (Jacó 4:10.)
“Isto é uma coisa que Jó sabia (capítulo 9), mas agora, de uma forma inexplicável para nós, passara a entender algo mais sobre o Senhor, por meio de uma experiência ‘visual’, do que antes, quando só o ‘ouvira’. Diz ele: ‘Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza. ’ (42:5-6.)
“Terminada a provação, Jó obtivera esta bênção: agora percebia o imperceptível. A implicação é que agora Jó aceitara tudo o que lhe acontecera, sem questionar mais a divina providência. É quase como se Jó acabasse dizendo: ‘Tudo bem! Tudo bem! ’ Seu mais recente encontro com o Senhor, tenha sido qual for, ensinara-lhe isto.
“É difícil viver-se em meio à tensão, mas a mortalidade – na qual vemos através de um vidro escuro – está repleta dela. Sempre existem respostas finais para o que possa parecer sem sentido ou inexplicável em nossa vida, embora não se tornem aparentes para nós imediatamente; o Senhor, entretanto, prometeu dá-las – algum dia (D&C 121:28-32; 101:27-35). Todo indivíduo que insiste em que uma boa crença religiosa precisa explicar todas as contingências da vida para ser aceitável, deveria reler Jó ou aceitar este conselho do Élder Harold B. Lee:
“’Não é função da religião responder a todas as perguntas sobre o governo moral de Deus no universo, mas, sim, dar coragem ao homem (através da fé) para ir avante, a despeito das questões para as quais nunca encontra respostas em seu estado atual. Por isso, cuidai-vos, e como disse certa vez um sábio pensador: “Se chegar uma hora em que sentis que não sois mais capazes de vos apegar à vossa fé, apegai-vos nela de qualquer forma. Não podeis enfrentar as incertezas e perigos do amanhã sem fé. ’” (Church News, autor não citado.)” (Keith H. Meservy: “Job: ‘Yet Will I Trust in Thee’”, pp. 139-53.)
O VELHO TESTAMENTO – Manual do Aluno, I Reis a Malaquias, p.23-28.

Jó 13:7-28. Confiar em Deus
Embora não entendendo por que Deus permitia que fosse tão afligido, Jó não julgou o Senhor nem perdeu a fé nele. “Calai-vos perante mim,” diz ele aos amigos, “e venha sobre mim o que vier.” (Vers. 13.) Deus era a sua salvação, e Jó confiava unicamente nele; encarava suas aflições com a devida visão. Conforme diz o Presidente Spencer W. Kimball: “Se encararmos a mortalidade como sendo toda a nossa existência, então dor, pesar, fracasso e vida curta seriam uma calamidade. Mas, vendo a vida como algo eterno que vem de um remoto passado pré-mortal e se estende num eterno futuro pós-mortal, então todos os acontecimentos podem ser colocados em sua devida perspectiva.” (Faith Precedes the Miracle, p.97.)
Os amigos de Jó questionaram a sabedoria de Deus e consideravam o sofrimento de Jó uma punição por Ele enviada. Mas Jó tinha um entendimento mais amplo. Sabia que Deus não o abandonara, apesar de suas preces por alívio não estarem sendo atendidas como desejava. Fosse seu sofrimento realmente causado por pecado pessoal, rogava que o Senhor o fizesse sabê-lo, para que pudesse arrepender-se (vers. 23).
Mas o sofrimento nem sempre é conseqüência de pecado; ele tem um objetivo maior, parte do qual é educativo. Diz o Presidente Kimball:
“Não lhe parece haver sabedoria no fato de o Senhor nos dar obstáculos para que possamos sobrepujá-los, responsabilidade para que possamos progredir, trabalho para fortalecer nossos músculos, tristezas para por a prova nossa alma? Não somos expostos às tentações, a fim de provarmos nossa força, às doenças para aprendermos a cultivar a paciência, e à morte para podermos ser imortalizados e glorificados?
“Se fossem curados todos os doentes por quem oramos, se fossem protegidos todos os justos e destruídos os iníquos, todo o programa do Pai ficaria anulado e terminaria o livre arbítrio, principio fundamental do evangelho. Nenhum homem teria de viver pela fé.
“Se alegria, paz e recompensas fossem dadas instantaneamente àquele que pratica o bem, não haveria o mal – todos fariam somente o bem, mas não por causa da retidão de fazê-lo. Não haveria nenhuma prova de força, nenhum desenvolvimento de caráter, nenhum aumento de poder, nenhum livre arbítrio, apenas controle satânico.
“Fossem todas as orações atendidas imediatamente, de acordo com nossos desejos egoístas e compreensão limitada, haveria pouquíssimo ou nenhum sofrimento, tristeza, desapontamentos ou mesmo a morte; e se essas coisas não existissem, também não haveria nenhuma alegria, sucesso, ressurreição, nem vida eterna e divindade.” (Guia de Estudo Individual para os Quoruns do Sacerdócio de Melquisedeque, “Um Sacerdócio Real”, 1976-77, pp. 45-46.)
O VELHO TESTAMENTO – Manual do Aluno, I Reis a Malaquias, p.29.

Jó 29:16-17. Um Homem Verdadeiramente Justo.
Talvez nisto resida o segredo da perfeição de Jó; Ele não ajudava apenas àqueles que lhe pediam; ele buscava pessoas para ajudar.
Como rei, Jó tinha a obrigação de defender seus súditos. Quando, por exemplo, tinha notícias de que alguém havia sido saqueado por ladrões, ele os perseguia e empregava a força, se necessário, para recuperar os bens roubados e poder devolvê-los ao legítimo proprietário.
Jó não era um Robin Hood que roubava de um grupo para dar a outro. O único rico que ele roubava era si próprio, e fazia-o liberalmente. Diz Clarke, comentando a retidão de Jó:
“Como magistrado supremo, ele escolhia seus caminhos, resolvia suas divergências, assentava-se como chefe, presidindo todas as suas assembléias civis.
“Como comandante em chefe, habitava como rei entre as suas tropas, mantendo a ordem e disciplina, e providenciando que seus soldados dispusessem do necessário para os combates e sustento da vida.
“Como homem, não se julgava bom demais para os trabalhos mais ordinários da vida doméstica, a fim de aliviar ou apoiar seus semelhantes; saía a consolar os que pranteiam – visitando os doentes e aflitos, cuidando de suas necessidades e providenciando que os feridos fossem devidamente tratados. Nobre Jó! Olhai para ele, vós, nobres da terra; vós, representantes de países, vós, generais de exercito; e vós, senhores de províncias. Olhai para Jó! Imitai sua ativa benevolência, e sede saudáveis e felizes. Sede como anjos guardiães em vossos distritos, abençoando todos com vosso exemplo e vossa generosidade. Mandai vossos cavalos de caça para o arado, vossos galos-de-briga para o monturo; e, enfim, vivei como homens e cristãos.” (Commentary, 3:132.)
Este não era o Jó do monte de cinzas, cheio de chagas; era o grande homem do Oriente a quem Deus considerava sincero e reto. (Ver Jó 1:8.)
O VELHO TESTAMENTO – Manual do Aluno, I Reis a Malaquias, p.30

Jó 42:10, 13.Por Que o Senhor Não Dobrou Também o Número de Filhos de Jó?
Jó 42:10 diz que “o Senhor acrescentou a Jó outro tanto em dobro a tudo quando dantes possuía”. Mais adiante, depois de enumerar seu gado, o autor acrescenta: “Também teve sete filhos e três filhas. (Versículos 13; grifo nosso.) Jó tivera originalmente sete filhos e três filhas. A duplicação de suas antigas bênçãos poderia sugerir que receberia mais quatorze filhos e seis filhas, mas ele recebeu o número exato que tivera antes. Como isso pode ser encarado como o dobro? C. F. Keil e F. Delitzsch dão uma resposta que deve ter muito mais sentido para os santos dos últimos dias do que para qualquer gentio:
“A quantidade de gado (versículo Jó 1:3) aparece agora em dobro, mas com os filhos é diferente.
“Portanto, em lugar de (dobrar) os sete filhos e três filhas que tivera, recebeu exatamente o mesmo número, o que é o mesmo que duplicá-los, pois, segundo o Velho Testamento, os filhos falecidos não são absolutamente perdidos (ver II Samuel 12:23). O autor deste livro, em todo o resto consistente até aos mínimos detalhes, aqui nos dá a entender que nossa relação com os homens que morrem e partem é diferente daquela que temos com as coisas que perdemos.” (Commentary on the Old Testament, 4:2:390.)
O VELHO TESTAMENTO – Manual do Aluno, I Reis a Malaquias, p.30

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