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(NÃO MEXER)

Festa de Páscoa

José e Maria, devotos e fiéis na observância da Lei, iam a Jerusalém todos os anos para a festa da Páscoa. Esta comemoração religiosa, devemos lembrar, era uma das mais majestosas e sagradas entre as muitas solenidades dos judeus; fora estabelecida por ocasião do êxodo do Egito, em lembrança do poder pelo qual Deus libertara Israel, depois que o anjo de destruição havia sacrificado os primogênitos em todo o Egito e misericordiosamente poupado os lares dos filhos de Jacó (Deuteronômio 16:16; compare Êxodo 12:2.) Tão importante era esta festa, que sua celebração anual marcava o início do ano novo. A Lei exigia que todos os homens se apresentassem diante do Senhor na festa, e determinava que as mulheres também deviam comparecer, caso não houvesse impedimento legal; e Maria parece ter seguido o espírito quanto a letra da lei, pois habitualmente acompanhava seu marido à reunião anual em Jerusalém.
JAMES E. TALMAGE – Jesus, O Cristo, p. 108.

4. Multidões e Confusão na Festa da Páscoa. – Conquanto seja obviamente impossível que mesmo uma fração razoavelmente grande do povo judeu pudesse estar presente às comemorações anuais da Páscoa em Jerusalém e, em consequência, fossem feitos preparativos para comemorações locais dos festejos, o comparecimento usual à celebração do templo nos dias de Jesus era indubitavelmente enorme. Josefo qualifica as aglomerações da Páscoa como “uma inumerável multidão” (Wars, ii, I:3) e, em outro local (Wars, vi, 9:3), declara que o comparecimento atingia o gigantesco montante de três milhões de almas; tal é o registro, embora muitos autores modernos considerem essa declaração um exagero. Josefo diz que, com o propósito de fornecer ao imperador Nero informação quanto à força numérica dos judeus, particularmente na Palestina, Céstio solicitou aos príncipes dos sacerdotes que contassem o número de cordeiros sacrificados na comemorarão, e o número relatado foi o de 256.000, o que, na base de entre dez e onze pessoas por mesa pascal, indicaria a presença, diz ele, de pelo menos 2.700.200 pessoas, sem incluir visitantes não judeus e membros de Israel a quem era barrada a participação na ceia da Páscoa, em virtude de impedimento cerimonial.
As cenas de confusão, inevitáveis nas condições então existentes, são resumidas admiravelmente por Geikie (Life and Words of Christ, cap. 30), que cita muitas das autoridades antigas em suas declarações: “As ruas eram obstruídas pelas multidões de todas as partes, as quais tinham que abrir caminho até o Templo, através de rebanhos de ovelhas e manadas de gado, empurrando-se em cada rua numa parte central de nível mais baixo, que lhes era reservada, para evitar contato e poluição. Vendedores de todas as categorias imagináveis assediavam os peregrinos, pois a festividade era, como já foi dito, a estação fecunda para todos os negócios em Jerusalém, exatamente como em Meca ainda hoje, a época da grande afluência de adoradores à tumba do Profeta é a de melhor comércio entre os mercadores peregrinos, que formam as caravanas de todas as partes do mundo maometano”.
“Dentro do sítio do Templo, o alarido e a aglomeração eram, se é que possível, ainda piores. Instruções eram afixadas, para que se mantivessem à direita ou à esquerda, como nas mais densas artérias de Londres. O pátio externo, no qual os não-judeus podiam penetrar e que era, portanto, conhecido como o Pátio dos Gentios, ficava, em parte, obstruído por cercados de ovelhas, cabras e bois, para os festejos e as ações de graças. Vendedores apregoavam os méritos de seus animais, ovelhas baliam e bois mugiam. Era, na verdade, a grande feira anual de Jerusalém e as multidões aumentavam o alarido e tumulto, de maneira a perturbar, lamentavelmente, os serviços nos pátios vizinhos. Os vendedores de pombas, para mulheres pobres chegadas de todas as partes do país para purificação, e para outros fins, dispunham de um espaço reservado. Na verdade, a venda de pombas estava, em grande parte, mas em sigilo, nas mãos dos próprios sacerdotes: Anás, o sumo sacerdote, particularmente, auferia grandes lucros com seus pombais no Monte das Oliveiras. Os aluguéis dos cercados para as ovelhas e gado e o lucro obtido com as pombas haviam levado os sacerdotes a sancionarem a incongruência de assim se transformar o próprio templo num barulhento mercado. Mas isto não era tudo. Os oleiros impingiam aos peregrinos seus pratos e fornos de barro para o cordeiro pascal; centenas de mercadores apregoavam seus artigos em altas vozes; armazéns de vinho, óleo, sal e tudo o mais que era necessário para os sacrifícios convidavam os fregueses; e, além disso, pessoas que cruzavam a cidade, com todos os tipos de carga, encurtavam caminho atravessando os terrenos do Templo. A estipulação sobre pagamento do tributo, requerido de todos, para a manutenção do Templo, aumentava a confusão. Em ambos os lados da porta leste do Templo, permitia-se havia muitas gerações, a colocação de bancas para troca de dinheiro. Desde o dia quinze do mês precedente, recebiam os cambistas permissão para montar suas bancas na cidade e, a partir do dia vinte e um – ou seja, vinte dias antes da Páscoa – para exercer seu comércio no próprio Templo. Compradores de matérias para ofertas pagavam o montante em bancas especiais, a um oficial do Templo, e recebiam um cheque de chumbo, com o qual retiravam o que haviam comprado com o vendedor. Além disso, trocavam-se grandes somas, para serem lançadas como ofertas voluntárias em uma das treze arcas que constituíam o tesouro do Templo. De todo o judeu, por mais pobre que fosse, era requerido ainda o pagamento anual de meio siclo, para o resgate de sua alma e manutenção do Templo. Como isto não era recebido, senão num tipo de moeda nativa denominada siclo do Templo, que não era em geral corrente, os estrangeiros tinham que trocar dinheiro romano, grego ou oriental nas bancas dos cambistas, a fim de obter a moeda requerida. A troca facilmente dava margem à fraude, o que era bastante comum. Cobrava-se cinco por cento de taxa, mas isso era indefinidamente aumentado por truques e chicanas, em consequência do que a classe havia conquistado péssimo nome, ao ponto de, como os publicanos, seu testemunho não ser aceito em corte.”
Abordando o assunto da profanação, à qual os pátios do Templo tinham sido sujeitos pelos traficantes que operavam com permissão sacerdotal, Farrar (Life of Christ, página 152) apresenta o seguinte: “E esse era o pátio de entrada ao Templo do Altíssimo! O pátio que era um testemunho de que aquela casa devia ser uma Casa de Oração, para todas as nações, tinha sido rebaixado a um local que, pela sujeira, se assemelha mais a um matadouro e, pelo azafamado comércio, a um apinhado bazar, enquanto os mugidos de bois, os balidos de ovelhas, a Babel de muitas línguas, as discussões e regateios, e o tinido de moedas e balanças (talvez nem sempre exatas) podiam ser ouvidos nos pátios adjacentes, perturbando o canto dos levitas e preces dos sacerdotes.”
JAMES E. TALMAGE – Jesus, O Cristo, Notas do Capítulo XII, pp.162-164.












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